Eu


Eu sou aquele que veio, por não querer vir,
Sofri por ter sido feliz,
Vivi por ter morrido.

Eu sou aquele que, na busca, nada encontrou
Que, no silêncio noturno, ouviu sons matinais
E que, nas chamas do inferno, viu anjos em agonia.

Eu sou aquele que nada sabe, por tudo ter compreendido,
Que tudo perdeu por muito ter conseguido,
Que sempre viveu por nunca ter existido.

Eu sou luz, sou trevas, as lágrimas que brilham em teus olhos,
Sou chuva em tua janela,
Sou paz e sou guerra.

Sou deus por ser homem e por isto sou besta-fera.
Sou gentio entre meu próprio povo,
E não tenho terras, pois o mundo é meu.

Perco-me para encontrar-me,
Busco-me para deixar-me
E às vezes repouso no verde, enquanto as raízes me cobrem.

Sob as águas brilham os sóis, e os peixes a devorá-los.
Os homens são repastos dos deuses,
E no turbilhão do nada, nós nos encontramos e juntos feneceremos,
Para voltarmos depois a ser o que éramos...


Vic Nasser II
Poema escrito em 1969

 

Arte

Em entrevista dada a Ronaldo Cortes, Presidente da Federação Brasileira das Associações de Colunistas Sociais e publicada no J.B.A, Higienópolis News, de 20 de janeiro de 2006, Vic Nasser II disse:

 

“Arte! Seu sentido é nobre, vigoroso, solene, denso, transcendente, esotérico. Sua matéria prima é a vida e essa, quando em plenitude, equaciona-se em Arte. Sutil, sua alquimia objetiva como última e fascinante conseqüência, transmudar a matéria humana em divindade.

 

Que seja plena e humana a criação, que busque o belo, mesmo quando fero, terrível e paradoxalmente plácida, insatisfeita só quando morta, eterna em seu momento. É a metamorfose. É quando o pai torna-se filho e neles o espírito é santo. Para mediocracias é plúmbea e distante. Para os escolhidos, ígnea, rutilante e retilínea.

Nos primevos tempos transportada por Adão-Prometeu em sua árvore-facho solidifica suas raízes em magnos corações, alimentando-se dessa seiva-néctar-sangue que corre nas artérias dos heróis e, mesmo sendo ceifada, vilipendiada, triturada, alça-se ao Olimpo. Faz do pintor um mestre, do guerreiro, do político, estadistas. Leonardo (o de Vinci) disse que o artista se distingue por “saber ver”, nos pássaros, nas folhas, nos sóis, no fluir das águas, no vir a ser. Para o Artista-Pintor o pincel é espada, a tela seu campo de batalha e as idéias sua munição. As palavras encontram-se no infinito, amam-se... e o Verbo torna-se Arte! ”.

 

Para eu mesmo

 

Mundo das mil cabeças,
terras de longas estradas,
são homens ou são bestas,
que nesta esfera se arrastam?


Olhos que não vêem,
bocas que nada falam,
erros que se cometem,
erros que não se apagam.

Em eras já idas,
em terras já revolvidas,
outros homens habitaram
e quantas quimeras sonharam?

Morte ao rei dos judeus.
Morte a César.
Quem teria sido maior:
César ou Galileu?

Há! Mundo das mil cabeças,
terras de longas estradas,
são homens ou são bestas
estes que com Deus sonharam?

Marcham céleres guerreiros
em busca do que deixaram,
passam Vilna, Smolensk
e o gelo da Rússia com seus corpos juncaram.

São homens ou são bestas
estes que a Napoleão aclamaram?
Viva Hitler, morte a Hitler,
um dia muitos gritaram.

E por estes brados que o mundo ouviu,
muitos se hão matado;
Há! Digam-me:
são homens ou são bestas, estes que se trucidaram?

Mundo das mil cabeças,
terras de longas estradas,
façam bombas, bradam todos
bomba Atômica, bomba H.

Para a manutenção da paz,
Paz, paz, paz com foguetes nucleares.
Há são homens ou são bestas
Estes que em nome da paz a guerra preparam?

Profetas de muitas vidas
Que por nosso mundo passam,
Fechai tuas bocas benditas
Antes que outros homens o façam.


Vic Nasser II
Poema escrito em 1966

 

Pensamentos Vicnianos

 

 

“Para a vida o espaço pode ser relativo, mas o tempo não.”

 

“Conheço a realidade porque sei sonhar.”

 

 

“Devemos criar como se fossemos imortais, mas viver como se morrer fossemos amanha.”

 

“Homem: o mais abstrato dos seres concretos.”

 

“Emprestou-me a natureza a vida, empreste-me os homens a liberdade.”

 

“Os semelhantes, não somam-se; dividem-se.”

 

“Somente os sábios quando lhes convém podem passar por tolos.”

 

“Ensina-nos a sabedoria, de tudo rir, principalmente de nós mesmos.”

 

“Não peçam-me coerência, só os mentecaptos a possuem.”

 

“Para furtar-se dos deveres da amizade, os maus amigos, arranjam sempre boas desculpas.”

 

“Sou um ponto no infinito espaço do tempo.”

 

“A derrota precisa sempre de explicação, a vitória explica-se por si mesma.”

 

“Arte, é tudo saber, mas nem tudo revelar.”

 

“Passam cometas em busca dos ovários estelares.”

 

“Na pintura encontro o ideal da eternidade, Já.”

 

“O verdadeiro Estado, é o que permita ao ser humano, ser humano.”

 

“Quando defrontamo-nos com duas verdades, estamos diante de uma dupla mentira.”

 

“Noto falta de senso crítico, nos críticos.”

 

“O primeiro homem foi um plágio de Deus.”

 

“Os inteligentes perguntam, e na maioria das vezes são os tolos que infelizmente respondem.”

 

“Aprendi a desejar o máximo, mas a viver com o mínimo.”

 

“Os erros são as únicas coisas realmente minhas, pois os acertos tenho que dividir com os outros.”

 

“a vida é a matéria prima da arte.”